Entre onze amigos desfrutei
Tempos que jamais esquecerei
Segredos que o livro ainda não contou
Séculos de angústia, de pesar e solidão,
Acredite, também tinha um coração,
Só eu sei o que aquele beijo me custou
Nas sobras de inimigos ao redor
Não enxerguei a força bem maior
Cobri de espinhos a esperança
E tive medo.
Das trinta moedas à condenação sem fim
Mas tão pouco se sabe sobre Ele, sobre mim,
Todo herói renasce pela capa de um vilão
Outros o renegaram, relutaram no clamor,
Mas só eu sou lembrado como algoz, o traidor,
Nesse ódio alimentado como o berço da maldição
Aqui ainda retorno muitas vezes pra pensar
Na noite da agonia quando choro ao relembrar
E o Jordão me acaricia no silencio da redenção
Se Ele foi o exemplo do que significa perdoar
E todos acreditam merecer
Por que me negam o direito de me redimir, me libertar?
Quisera que pudessem me esquecer
Cruzados, mercenários, devotos do Criador,
Vitimaram aos milhares em nome do divino amor
Esse amor que há muito tempo habita dentro de mim
Quem jamais traiu ao outro, a si mesmo, ao bem maior,
Não usou de um falso beijo, de um sorriso, ou bem pior,
Me atire uma pedra ou me deixe seguir
Por Deus, me deixe ir.
Também tenho amor.
É minha vida, minha estrada.
Me deixe seguir.